O Combate à dependência do Tabaco

Devido às potenciais consequências do consumo de tabaco para a saúde, a investigação tem vindo a analisar as diferentes formas de ajudar os fumadores a deixarem esses hábitos. A cessação de um comportamento de dependência pode ser analisada em termos dos processos envolvidos e das intervenções destinadas a motivar os indivíduos a abandonar o processo.

O Processo de Cessação

A cessação do consumo de tabaco envolve uma mudança ao longo de 4 fases básicas:

1. Pré-intenção: definida pelo facto de o sujeito não estar a pensar seriamente na hipótese de deixar de fumar;
2. Intenção: O indivíduo tem alguns pensamentos sobre a hipótese de deixar de fumar;
3. Acção: Mudança comportamental inicial;
4. Manutenção: da mudança de comportamento durante um período significativo de tempo.

Os indivíduos não progridem através das várias fases de forma linear e contínua, podendo ter retrocessos e recaídas.

Intervenções para promover a cessação:

As intervenções para promover a cessação podem ser descritas como:

1. Intervenções clínicas: (que tem como alvo o individuo)
   • diminuição gradual da nicotina, encorajando os fumadores a mudarem gradualmente para marcas de tabaco com baixo teor de nicotina e a fumarem menos cigarros.
   • Podem utilizar pastilhas de nicotina que funcionam como meio de redução dos sintomas de privação experimentados após uma paragem súbita do consumo de tabaco.
   • Mais recentemente estão disponíveis os adesivos de nicotina, que apenas têm de ser aplicados uma vez por dia, para que o individuo receba um suplemento regular de nicotina na corrente sanguínea.
   • Não precisam de ser saboreadas, embora se diga que “mascar” pastilhas elásticas, satisfaz a componente oral do consumo de tabaco.

O objectivo principal desta intervenção é promover a mudança individual, tomam assim a forma de programas de tratamento individual ou de grupo realizados em hospitais ou em universidades, e requerem que os indivíduos frequentem regularmente, durante um período que oscila entre as 6 e as 12 semanas. Estas intervenções utilizam uma combinação de várias abordagens que reflectem os diferentes modelos teóricos de aprendizagem social e de doença em relação aos comportamentos de dependência, destinando-se aos indivíduos que procuram ajuda.

Exemplos de Programas utilizados:

No entanto, ainda é pouco claro se os procedimentos de substituição de nicotina compensam verdadeiramente a dependência fisiológica ou proporcionam efeitos placebo (efeito psicológico consequência de pensarmos que acabará efectivamente por surtir efeito) através da expectativa de não necessitar de cigarros.

2. Movimentos de auto-ajuda

Estudos afirmam que as pessoas que fumam menos quantidade de cigarros, têm maior probabilidade de virem a deixar de fumar sozinhos, do que os que fumam muito.

Os investigadores sugerem ainda que os fumadores têm mais probabilidades de parar se receberem apoio dos colegas e estes também deixarem de fumar, sendo que a ajuda dos colegas é especialmente relevante para as mulheres que tentam deixar de fumar durante a gravidez. No entanto, apesar de muitos ex-fumadores afirmarem que conseguiram parar sozinhos, é necessário não nos esquecermos da importância da exposição dos mesmos á grande variedade de mensagens de educação para a saúde emitidas pelos meios de comunicação social, ou através de folhetos.

3. Intervenções de saúde publica que se destinam as populações

As intervenções de Saúde Pública têm como objectivo promover a mudança de comportamentos das populações, tendo-se tornado cada vez mais populares, nos últimos anos. É importante referir que estas intervenções destinam-se a todos os indivíduos e não somente àqueles que procuram ajuda.

Para a cessação do consumo de tabaco, as intervenções de saúde pública podem ser as seguintes:

3.1- Conselhos de Médico:

Aproximadamente 70% dos fumadores irão consultar uma vez o seu médico todos os anos. A investigação sugere que a recomendação feita por um médico, considerado credível de informação, poderá ter um relativo êxito na promoção da cessação do consumo de tabaco;

3.2- Intervenções no local de trabalho:

Ao longo da última década, tem havido um interesse crescente pelo desenvolvimento de intervenções nos locais de trabalho para a cessação do consumo de tabaco.

A empresa pode adoptar a politica de proibição de fumar ou estabelecer programas de promoção de saúde no trabalho. As intervenções no local de trabalho, podem ser meios bem-sucedidos de aproximação a muitos fumadores, no entanto, este potencial ainda não está totalmente aproveitado.

3.3- Programas comunitários:

Têm sido criados grandes programas comunitários como meio de promover a cessação de hábitos de consumo de tabaco em grupos alargados de indivíduos. Estes programas têm como objectivo chegar àqueles que não vão às clínicas, utiliza a MOTIVAÇÃO de grupo e o apoio social de uma forma semelhante á das intervenções no local de trabalho.

3.4- Intervenções governamentais:

Um outro meio de promover a cessação do consumo de tabaco é encorajar a intervenção governamental, como por exemplo

– Anúncios de restrição ou proibição:

De acordo com a teoria da aprendizagem social, aprende-se a fumar associando estes comportamentos a características agradáveis, como por exemplo: “faz me parecer sexy”. A publicidade pretende ter acesso e promover essas crenças, com o fim de encorajar o consumo de tabaco. A implementação de uma proibição ou restrição eliminaria essa fonte de convicções.

3.5- Aumentar o Custo do tabaco:

A investigação aponta para uma relação entre o custo dos cigarros e o seu consumo. O aumento do preço pode promover a diminuição do seu consumo e evitar o inicio desses comportamentos, especialmente nas crianças.

3.6- Proibição de fumar em público:

Em muitos países a politica de proibição de fumar em locais públicos, tais como: cafés, bares, restaurantes, discotecas, etc. …. Apresenta-se como eficaz na diminuição do consumo do tabaco e dos efeitos nocivos do fumo passivo, daqueles que não fumam, mas que indirectamente, teriam de suportar o fumo dos fumadores.

É Importante Reflectir:

No momento de decidir deixar de fumar, é importante reflectir nos seguintes aspectos:

1. Quantos cigarros fuma durante o dia
2. Com que idade iniciou o consumo de tabaco.
3. Por que motivo fuma
4. Quais os locais onde fuma mais
5. O que sente se estiver num local onde não pode fumar
6. Se já tentou deixar de fumar anteriormente o que falhou?
7. Quanto tempo conseguiu estar sem fumar?

Depois de individualmente reflectir nestas questões, faça uma interpretação do seu comportamento de dependência, analisando a importância que o consumo de tabaco tem na sua vida. E quando chegar à conclusão das consequências negativas que este desencadeia na sua vida, não hesite em procurar ajuda ou apoio psicológico.

Pense que o “Vicio do tabaco não é mais forte que eu”.