Reflexão sobre o Envelhecimento da População Portuguesa

Setembro 2, 2011 8 Comments »


O Passado versus Presente

É do conhecimento comum que no passado existia uma baixa esperança média de vida. Em 1960 Portugal era um país jovem, do ponto de vista demográfico.

Na actualidade, assiste-se ao inverso. Porquê? Porque existem factores que anteriormente pouco ou nada se faziam notar, como a saúde (progressos da medicina e da melhoria da assistência médica), a escolaridade (as pessoas são mais “intelectualmente” preparadas, estudam mais o que as leva a terem cuidados com a saúde),  o rendimento (é certo que existe um alargado número de desempregados, mas hoje em dia há pessoas que apresentam uma maior “decência” na vida, alimentando-se melhor e vivendo melhor). Estes factores apresentados fazem com que as pessoas consigam viver durante mais anos, contrariamente ao que acontecia no passado.

A esperança média de vida está directamente relacionada com o grau de desenvolvimento de cada país, o que significa que quanto mais desenvolvido for o país, maior será o número de anos que o sujeito terá, probabilidade de viver. Desta forma, seguindo esta visão, a população que vive nos Países Desenvolvidos apresenta uma melhor qualidade de vida do que a população que vive nos Países em vias de Desenvolvimento.

Quais as diferenças existentes entre o sexo feminino e masculino

Assim, relativamente à elevada esperança média de vida, mundialmente, as mulheres apresentam uma longevidade maior do que os homens (81,4 anos contra 74,9 anos). Existem várias razões que justificam tal expressão:

  • A diferença biológica;
  • A falta de vontade por parte dos homens em procurar atendimento médico;
  • Os homens estão mais sujeitos a determinadas doenças devido ao tabagismo e ao consumo de álcool;
  • E, têm mais acidentes de trabalho pois desempenham profissões de maior risco, enquanto que as mulheres têm mais cuidados com a alimentação e a saúde.

Dados demográficos

Com a elevada esperança média de vida, Portugal apresenta uma alargada população envelhecida.

Só para termos uma noção, no ano de 2005, os nascimentos foram pouco mais do que as mortes e o fluxo de imigrantes diminuiu. A população portuguesa está, desta forma, a estagnar, a envelhecer e com falta de activos para suportar os custos do envelhecimento (em Dezembro de 2005 havia 110 idosos para cada 100 jovens, mais um do que no ano anterior).

O Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou em 2008, que os dados demográficos mostram que a população portuguesa deixou de crescer e que está cada vez mais envelhecida, tendo a esperança média de vida aumentado nos últimos oito anos. No final de 2008, a população residente em Portugal era composta por 15,3% de jovens (menos de 15 anos), 17,6% de idosos (mais de 65 anos de idade) e 67,1% de população em idade activa (dos 15 aos 64).

O que é indispensável fazer?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) sustenta que os países poderão lidar bem com o envelhecimento, desde que os governos e a sociedade civil solicitem esforços por políticas e programas que melhorem a saúde, a participação social e a segurança dos cidadãos em todas as fases da vida. Face a todas estas considerações, possivelmente o que mais se teme é que o rápido envelhecimento da população produza uma explosão na assistência de saúde e nos custos da Segurança Social que escape a qualquer controle.

É preciso tomar iniciativas para se alcançar o objectivo de que as pessoas envelheçam preservando a sua dignidade e continuem a ser capazes de ter uma vida independente e produtiva, e não se transformem num “estorvo” ou numa ameaça para as gerações mais jovens.

As formas de envelhecer e a ajuda dos profissionais:

Deve-se ter ciente que a população tem diferentes formas de envelhecer. O envelhecimento normal (associado a limitações resultantes do avançar da idade), patológico (atribuindo-se doenças como a diabetes, tensão alta, problemas cardiovasculares, etc.) e, por fim, o bem sucedido ou activo.

É aqui que o Educador Social entra em acção, no auxílio das pessoas idosas para que tenham um envelhecimento saudável, e lhes proporcione anos de bem-estar ajudando na autonomia individual. Desenvolve actividades, incentiva no voluntariado, encoraja os séniores a praticar a actividade física regular a fim de cuidar da saúde, organiza viagens de interesse, entre outras (todas estas actividades podem ser realizadas por parte dos Educadores Sociais em Instituições como: Lares da 3ª Idade, Centros de Dia, Universidades Séniores e Serviço ao Domicílio).

De forma complementar as principais funções do Psicólogo, nesta fase, vai no sentido de promover ou melhorar a auto-estima do idoso, desenvolvendo empatia e avaliando a estrutura mental e cognitiva do mesmo através da aplicação de testes de memória e trabalhar com eles as suas potencialidades, a fim dos idosos se sentirem úteis e “vivos” para a sociedade.

É importante não esquecer que é nesta fase da vida que as pessoas têm mais tempo de “viver” para si e não apenas “viver” para os outros.

Sobre a autora deste artigo:

Ana Teresa“Chamo-me Ana Teresa e estudo no 2ºano do Curso de Educação Social no Instituto Politécnico de Viseu na Escola Superior de Educação. A Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) foi a primeira unidade orgânica de um Instituto Politécnico a entrar em funcionamento em Portugal.”


Comentários

Comentários

8 Comments

  1. António 2 de Setembro de 2011 at 17:41 - Reply

    Gostei desta análise sobre o tema. A preocupação demonstrada é atual e a autora está de parabéns. Venha o próximo.

  2. Teresa Meneses 2 de Setembro de 2011 at 20:53 - Reply

    Obrigada 😀
    É a realidade que se assiste no nosso país e deve ser vista com “outros olhos” e não com os mesmos que observavam Portugal até 1960(aproximadamente).
    Virá com certeza :)

  3. Rafaela Sousa 6 de Setembro de 2011 at 14:53 - Reply

    Neste tema, penso que existem 2 pontos opostos: o facto do aumento da esperança média de vida significar desenvolvimento do próprio país, devido a vários progressos [“A esperança média de vida está directamente relacionada com o grau de desenvolvimento de cada país” […] “a população que vive nos Países Desenvolvidos apresenta uma melhor qualidade de vida do que a população que vive nos Países em vias de Desenvolvimento.”]; e os pontos menos bons do envelhecimento em relaçao à realidade de Portugal nos dias de hoje, [“A população portuguesa está, desta forma, a estagnar, a envelhecer e com falta de activos para suportar os custos do envelhecimento” […] “possivelmente o que mais se teme é que o rápido envelhecimento da população produza uma explosão na assistência de saúde e nos custos da Segurança Social que escape a qualquer controle.”], e, na situaçao em que nos encontramos, o esforço terá de ser multiplicado por parte do “governos e a sociedade civil” para podermos sustentar esta realidade. Em suma, como foi lido, “a população portuguesa deixou de crescer e está cada vez mais envelhecida”.

  4. Rafaela Sousa 6 de Setembro de 2011 at 21:34 - Reply

    Neste tema, penso que existem 2 pontos opostos: o facto do aumento da esperança média de vida significar desenvolvimento do próprio país, devido a vários progressos [“A esperança média de vida está directamente relacionada com o grau de desenvolvimento de cada país” […] “a população que vive nos Países Desenvolvidos apresenta uma melhor qualidade de vida do que a população que vive nos Países em vias de Desenvolvimento.”]; e os pontos menos bons do envelhecimento em relaçao à realidade de Portugal nos dias de hoje, [“A população portuguesa está, desta forma, a estagnar, a envelhecer e com falta de activos para suportar os custos do envelhecimento” […] “possivelmente o que mais se teme é que o rápido envelhecimento da população produza uma explosão na assistência de saúde e nos custos da Segurança Social que escape a qualquer controle.”], e, na situaçao em que nos encontramos, o esforço terá de ser multiplicado por parte do “governos e a sociedade civil” para podermos sustentar esta realidade.
    Em suma, como foi lido, “a população portuguesa deixou de crescer e está cada vez mais envelhecida”.

    • Célia Félix 7 de Setembro de 2011 at 22:25 - Reply

      Olá Rafaela…
      De facto o artigo apresenta no seu conteúdo 2 pontos que acabam por se complementar, embora pareçam opostos.. no entanto, reflectem efectivamente a realidade actual nos paises desenvolvidos. Hoje em dia, verifica-se um aumento da esperança média de vida, devido a vários factores, entre os quais os avanços da medicina, situação esta que apenas se verifica nos paises desenvolvidos, e que se traduz, numa melhoria da qualidade de vida. Simultaneamente a isto, verifica-se um envelhecimento gradual da população e uma diminuição de respostas adequadas relativamente a vários niveis: sobretudo na saúde e na àrea social tendo em conta, a realidade do nosso país, que possam acompanhar o avanço do envelhecimento.Neste sentido, pode-se mesmo coniderar que estamos a ficar cada vez mais “velhos” e ao mesmo tempo, estão também a envelhecer as medidas e recursos da sociedade que possam promover a qualidade de vida nesta faixa etária.
      Quero assim agradeçer a leitura atenta e o seu comentário pertinente e sugerir o artigo relacionado com este tema:
      http://www.psicologia4u.com/tag/idosos-solidao/
      A solidão numa prespectiva psicológica e social.

  5. Teresa Meneses 8 de Setembro de 2011 at 12:48 - Reply

    Obrigada amiga pelo comentário :)

    Tal como a Célia responde, é sem dúvida nenhuma a realidade que se apresenta nos Países Desenvolvidos.
    Vendo a situação na actualidade, imagina quando chegar a nossa vez… aí, vai haver um número ainda maior de pessoas idosas em Portugal, já que a natalidade está a regredir e a população a envelhecer. Se não se realizarem medidas que façam alterar esta realidade, esta será de certeza a mais provável de acontecer.

    Obrigada Célia pela sugestão desse artigo.

  6. Rafaela Sousa 8 de Setembro de 2011 at 17:02 - Reply

    Obrigado eu pelo excelente trabalho da Célia e da minha grande amiga Teresa :)
    Agradeço tambem o artigo sugerido.
    Parabens pelo site que está bastante bem elaborado, e para todos os colaboradores.

  7. Teresa Meneses 9 de Setembro de 2011 at 16:02 - Reply

    Ó Dininha sinceramente obrigada! 😀
    Espero que continues as tuas leituras e comentários sobre os artigos. Afinal de contas também é importante para uma futura Licenciada em Comunicação Social conhecer estes temas.
    Beijinhos

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