Depois de exploramos o conceito de Dislexia, o artigo desta semana visa abordar os principais tipos de Dislexia existentes e a intervenção possível nestas situações.
Desta forma, eis os principais tipos de dislexia.
Tipos de Dislexia:
Existem três grandes tipos de dislexia, referidas por muitos autores, e muitas vezes presenciadas na prática:
- Dislexia visual (Ortográfica ou Diseitética):
- Dislexia auditiva (Fonológica ou Disfonética):
- Dislexia Mista:
A dislexia visual caracteriza-se por um conjunto de problemas relacionados com a sequência, ou seja, com a incapacidade de sequenciar eventos ou coisas. Por exemplo, a criança com dislexia visual tem dificuldade em sequenciar ou organizar ordenadamente as letras do alfabeto e as letras que formam as palavras, os dias da semana e os meses do ano, os eventos de uma história por uma ordem definida ou, até, em seguir instruções relativamente simples quer sejam verbais ou escritas.
A criança apresenta ainda problemas de discriminação visual, confundindo letras e palavras parecidas, revertendo-as por vezes. Exemplo disso são as trocas de “bês” por “dês” ou “ato” por “ota”.
A escrita da criança com dislexia visual tende a ser inconstante, apresentando letras de tamanhos diferentes, omissões, rotações, reversões, emendas e rasuras frequentes. Também os desenhos que ela faz aparentam muitas vezes imaturidade, faltando-lhe pormenores essenciais.
A criança com dislexia auditiva apresenta problemas em certas funções auditivas, tendo dificuldade, por exemplo, em distinguir as unidades de som da linguagem, sendo-lhe difícil, portanto, transformá-las em palavras ou, vice-versa, pode não conseguir dividir uma palavra nas suas partes mais simples (sílabas). Manifesta ainda problemas em relacionar os sons da palavra com a palavra escrita, ou seja, relacionar o fonema com o grafema.
Soletrar é também uma tarefa difícil para uma criança com dislexia auditiva.
A criança com dislexia auditiva apresenta problemas na discriminação auditiva, tendo dificuldade em diferenciar letras e palavras cujo som é parecido.
Por exemplo, pode confundir o som do “m” com o do “n”, as letras “b, d, t, p g,” não perceber que os sons iniciais e finais de palavras são iguais (berço e barco, casa e brasa), trocar a ordem das consoantes (calmo, clamo), confundir os dígrafos (telha, tenha), não perceber as rimas (quando lhe é pedido para dizer palavras que rimem com gato, poderá responder, goto ou sapo, ou mesmo inventar palavras sem significado, zato ou sato).A criança com dislexia auditiva pode ainda apresentar problemas na memória auditiva. Finalmente, no que diz respeito à escrita, a criança com dislexia auditiva tende a escrever muito devagar, rasurando muito o texto, devido à sua insegurança em soletrar as palavras.
A criança com dislexia mista tende a apresentar comportamentos associados a ambas às áreas, visual e auditiva, ou seja, alguns problemas são de ordem auditiva ao passo que outros são de ordem visual.
Tendo como base os casos de dislexia mais comuns e frequentes através de informações fornecidas pelas crianças, pais e docentes, observaremos que, em geral, são estes indícios típicos de dificuldades em leitura, escrita e disortografia:
- Progresso muito lento na aquisição das habilidades de leitura;
- Problemas ao ler palavras desconhecidas (novas, não-familiares), que devem ser pronunciadas em voz alta;
- Tropeços ao ler palavras polissilábicas, ou deficiências o ter de pronunciar a palavra inteira;
- A leitura em voz alta é contaminada por substituições, omissões e palavras mal pronunciadas;
- Leitura muito lenta e cansativa;
- Dificuldades em recordar nomes de pessoas e de lugares e confundindo quando os nomes são semelhantes;
- Falta de vontade de ler por prazer;
- Ortografia que permanece problemática e preferência por palavras menos complexas ao escrever;
- Substituição de palavras que não consegue ler por palavras inventadas;
- Problemas ao ler e pronunciar palavras incomuns, estranhas ou singulares, tais como o nome de pessoas, de ruas e de locais, nomes dos pratos de um menu.
Como Intervir na Dislexia?
A intervenção para as crianças com dislexia resulta da análise dos resultados obtidos nas avaliações em termos de capacidades e necessidades. Assim, a opinião dos psicólogos, educadores, professores, terapeutas e de todos os profissionais que eventualmente participaram nessa avaliação, pode ter um papel importante na elaboração de intervenções alternativas, dando aos pais a oportunidade de discutir a informação ou pedir aconselhamento no sentido da tomada de decisões. Da mesma forma a promoção de comunicação e colaboração entre os pais e os intervenientes no processo de intervenção é crucial quanto à tomada de decisões acerca da qualidade da mesma.
Orientações para Pais e Professores:
Para além das decisões derivadas da avaliação e prescritas na intervenção, os pais e professores não devem deixar que o diagnóstico de dislexia os desanime. A resolução da situação, em termos de respostas adequadas para a criança, torna-se muito mais fácil quando o problema é aceite e compreendido por todos, incluindo a criança.
No que respeita aos PROFESSORES, é bom que se compreenda que, não há nenhuma criança que não deseje aprender e, por consequência, os problemas que uma criança possa apresentar nas áreas da leitura e escrita, para além de outros problemas inerentes às características da dislexia, não devem ser penalizados mas compreendidos.
Assim, a escolha de estratégias e atividades consonantes com os objetivos das intervenções, efetuadas individualmente ou em pequenos grupos, pode ser essencial para o sucesso da criança. Valorizar as suas capacidades, sem, descurar as necessidades é um caminho a ter em conta. Uma forma de o fazer é considerar uma lista de capacidades e interesses com base na avaliação e, a partir deles, elaborar um programa de apoio sólido tendo em conta essas áreas de interesses e de aptitude.
No que concerne aos PAIS, devem aceitar e tolerar o facto de o vosso filho ter dislexia e nunca criticá-lo, uma vez que ele não tem qualquer tipo de culpa quanto à sua situação. Os estádios de frustração e culpabilidade, tantas vezes característicos nestes casos, devem dar lugar à compreensão e apoio. É bom que estejam de acordo com as estratégias implementadas na escola e, sempre que possível, apoiem o vosso filho (a) de acordo com as intervenções consideradas em que, com certeza, figuram diretrizes para os pais. Se verificarem que o vosso filho (a) não está a empenhar-se como devia, solicitem uma reunião na escola para, com os professores, poderem decidir qual o melhor caminho a seguir. Se o vosso filho tirar más notas, mas se verificarem que ele está a esforçar-se, não devem castigá-lo, seja de que forma for.
Contudo, é importante que o vosso filho (a) não questione a vossa autoridade com base na sua situação. Como elemento da família, deve saber respeitar as regras estabelecidas e comportar-se em conformidade. Finalmente, caso verifiquem que ele não está a ter sucesso ao nível académico e socio emocional, então devem recorrer aos os serviços de especialidade competentes na área da dislexia.