Quando a Preocupação se Transforma numa Obsessão

“Enquanto estamos focados no medo, preocupação, ou ódio, não nos é possível experimentar a felicidade, entusiasmo ou amor.” –  Bennett

A preocupação não se explica de forma simples ou linear, no entanto, sentimo-la em diversos momentos da nossa vida ao longo do nosso quotidiano.

Sentir preocupação de forma moderada e em situações nas quais interpretamos como importantes ou com alguma gravidade, pode ser considerado como sendo uma característica natural do próprio ser humano. No entanto, há que distinguir uma preocupação moderada de algo exagerado e que desencadeia sintomas físicos e psicológicos.

Estar demasiadamente preocupado e fixado num determinado problema e centrado apenas nos aspectos negativos do mesmo, ”cega-nos” e conduz-nos para um emaranhado de outros problemas, (efeito “bola de neve”), não nos deixando pensar em hipóteses ou possíveis soluções. Desta forma, a preocupação não é um estado natural e tem efeitos adversos na sua saúde, mesmo na sua saúde física e psicológica. Quando nos preocupamos com alguma coisa existe sempre um aumento de stress e ansiedade causando uma subida da tensão arterial, aumentando também os níveis de ácido do estômago, dores de cabeça e rigidez muscular, entre muitas outras coisas.

Existe portanto uma linha, em alguns casos ténue, que separa uma preocupação exagerada, como descrevi anteriormente de uma obsessão, que em casos mais graves pode levar ao Transtorno Obsessivo Compulsivo.

O que é uma Obsessão?

A obsessão compulsiva caracteriza-se pela presença de ideias, de imagens ou de impulsos recorrentes, não desejados, invasores que parecem sem sentido, estranhos, indecentes ou aterradores (obsessões) e, ao mesmo tempo, uma urgência ou uma compulsão para fazer algo que liberte da incomodidade causada pela obsessão.

As pessoas podem ter uma obsessão por qualquer coisa e os seus rituais não estão sempre ligados de forma lógica ao desconforto que se tenta aliviar. Por exemplo, uma pessoa que está preocupada com a contaminação pode ter sentido alívio, uma vez, ao ter metido casualmente a sua mão no bolso. A partir desse momento, cada vez que surge uma obsessão relacionada com a contaminação, introduz repetidamente a sua mão no bolso.

Existem vários tipos de Obsessões, eis as principais:

• Obsessão e Rituais de verificação:

Os pensamentos recorrentes e insistentes são as dúvidas que preocupam exacerbadamente o sujeito se fizeram ou não determinados procedimentos de protecção ou de prevenção como verificar, se fechou a porta ou as janelas de casa por dezenas ou até centenas de vezes seguidas, podem verificar também objectos como o funcionamento de relógios, aparelhos electrónicos, se desligaram as chamas do fogão, se fecharam as torneiras, etc.

• Obsessões e rituais de desafio:

Pensamento de dúvida exagerada em relação à sua capacidade de realizar ou não alguma atividade como montar um quebra-cabeças, fazer contas ou palavras cruzadas, etc.

• Obsessões e rituais de ordem:

O sujeito sente-se incomodado ao perceber que algum objecto se encontra “ fora do lugar” ou desorganizado, mesmo que a diferença seja de centímetros. Passando muito tempo organizando esses mesmos objectos, classificando-os etc.

Existem muitas outras formas diferentes de obsessões e de rituais que variam muito e podem ser exclusivas de cada indivíduo.
Há também casos de obsessões sem a presença de rituais, onde as ideias repetitivas tomam conta da vida da pessoa e fazem com que elas passem boa parte de seu tempo questionando-se, ou tendo sempre as mesmas dúvidas.
Nos casos de compulsões ou rituais sem obsessões ocorrem à realização de tarefas pré-estabelecidas e em uma determinada ordem que não podem ser alteradas e onde o indivíduo realiza suas rotinas de forma extremamente metódica e estereotipada.
A maior parte das pessoas que sofrem com este tipo de transtorno sabem que têm um problema e esforçam-se para livrarem-se deles, porém não conseguem evitá-los através de sua própria força de vontade e sentem-se envergonhadas com sua situação e com os seus comportamentos estranhos, por isso, omitem a patologia e não procuram ajuda médica, fazendo com que seu quadro clínico se agrave e se torne crónico.
A doença inicia-se, geralmente, na adolescência ou no início da vida adulta e atinge tanto homens como mulheres.
O TOC é um dos distúrbios mentais mais comuns no mundo todo.

O que é o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

É um distúrbio mental caracterizado pela presença inoportuna e repetitiva de pensamentos e rituais desagradáveis e sem sentido que invadem a mente e o comportamento do doente e os quais ele não consegue evitar sozinho.

Quais as principais Causa dos Transtornos Obsessivo-compulsivos (TOC)?

Assim como a maioria dos distúrbios psicológicos, o TOC parece ser causado por diversos factores como os genéticos, neurológicos, químicos, comportamentais e ambientais. Pode acontecer espontaneamente ou depois de algum factor desencadeante ou stressante.

O Tratamento:

O tratamento do TOC é realizado com a combinação de medicação para corrigir alterações dos neuroquímicas e psicoterapia para ajudar o paciente a enfrentar a sua ansiedade, lidar com seus limites e sintomas e principalmente desencorajar respostas compulsivas.