Os Nossos MEDOS

Abril 7, 2011 No Comments »


“Você ganha forças, coragem e confiança a cada experiência em que enfrenta o medo .Para isso tem que fazer exactamente aquilo que acha que não consegue.” (Roosevelt)

Diariamente deparamo-nos com vários medos que nos perturbam e invadem a nossa mente, estes são alguns exemplos concretos: Medo de perder o emprego, da violência, da morte, de falar em público, de ficar doente, da traição, de ficar sozinho, do futuro, de não encontrar um grande amor e até medo de ter mais medo.

Se analisarmos a origem de todos os nossos medos perceberemos que ela é alimentada pelo mesmo sentimento: a insegurança. Desta forma, antes de combatermos os nossos medos é importante compreendermos inicialmente como são construídas as nossas inseguranças.

A insegurança é a antítese da coragem. Na infância guiamo-nos pelas emoções vividas de forma momentânea: nas brincadeiras, nas gargalhadas, nos sonhos e até nas lágrimas. Ao longo do nosso desenvolvimento aprendemos a filtrar as nossas emoções e assim passamos a ser mais racionais e menos emotivos.

A nossa mente regista todos os momentos bons e maus. O problema é que ela reforça as emoções mais marcantes. Assim, por exemplo, se fizermos uma apresentação em público que consideramos ter sido desastrosa, cada vez que formos realizar uma nova apresentação a nossa mente vai desencadear a mesma imagem numa situação semelhante. Portanto, é preciso alterar os nossos pensamentos para que as inseguranças se dissipem e, consequentemente, os medos. A nossa mente é importante para adquirirmos novos conhecimentos, armazenarmos informações e desenvolvermos raciocínios, mas ela tem um lado mais “obscuro”: Vicia as nossas emoções e faz com que valorizemos determinados traumas e experiências negativas vivenciadas por nós. Por vezes, quando desejamos seguir em frente a parte psicológica faz-nos relembrar fracassos e devolve imagens de experiências negativas. Assim está estabelecido um ciclo vicioso.

A ansiedade generalizada ou os medos específicos são dos problemas emocionais mais frequentes na infância e quando não são devidamente tratados poderão acompanhar-nos ao longo da nossa existência. Tendo em consideração que a base do nosso desenvolvimento está directamente associada à  infância não poderia deixar de abordar esta estádio do desenvolvimento e a sua relação com os medos. O segredo para os ultrapassar está na tranquilidade que é oferecida ao bebé e na confiança que se lhe deve transmitir para o ajudar a vencer estas fases.

Porque surgem os medos?

Existem muitos factores que podem contribuir para uma maior incidência ou ocorrência dos medos infantis durante o desenvolvimento:

1-      Genética: Pode constatar-se uma certa tendência hereditária para o medo e ansiedade, mas não está provado que os factores genéticos possam ser os únicos responsáveis.

2-      Experiências traumatizantes: o medo ou o comportamento ansioso de uma criança pode ser determinado por experiências concretas, como por exemplo o facto de ela ter caído dentro da banheira ou de outro local com água e se ter assustado. Pode ter assim desenvolvido fobia ao banho e a tudo o que se relacione com água.

3-      Problemas nas relações familiares : por vezes, os pais são demasiado protectores dos filhos, prolongando os cuidados infantis, impedindo que a criança tenha comportamentos independentes e iniciativas próprias, mantendo um excessivo contacto físico com a criança e controlando sempre todos os seus movimentos. Estes comportamentos provocam medos e ansiedades na criança, tornando-a insegura. Por outro lado, se os pais se mostram demasiado críticos e punitivos e até mesmo intolerantes em tudo o que se relaciona com a criança, podem contribuir determinantemente para transformá-la numa pessoa ansiosa. As crianças apercebem-se dos medos e ansiedades dos pais e, por isso, estes sentimentos podem passar de pais para filhos, através dos mecanismos de identificação e aprendizagem de condutas.

4-      Factores relacionados com a Personalidade: crianças que, durante o primeiro ano de vida, são mais caladas, introvertidas e calmas demais nas suas reacções, poderão ter maior predisposição para desenvolver ansiedade.

5-      Ambiente social : a ansiedade e determinados tipos de medo podem relacionar-se com situações de insegurança social ou crescimento no seio de uma família desfavorecida.

Estratégias para combater os medos:

– Procure compreender o seu filho(a), uma vez que, para ele(a) o medo é real. Não acumule ao medo inicial, o medo ou a vergonha de o expressar.

– Fale aberta e naturalmente com o seu filho, explicando-lhe todas as experiências que ele vai tendo e transmita-lhe todo o seu apoio, fazendo-lhe saber que estará sempre ao seu lado.

– Procure não demonstrar medo, ansiedade ou perda da calma em frente ao seu filho. Todas as situações se resolvem e é isso que ele tem de aprender.

– Ensine-o a expressar as suas necessidades e a falar abertamente sobre os seus medos.

– Ensine-o a relaxar. Se o seu filho aprender a descontrair todo o corpo e a respirar calmamente, especialmente quando tiver medo, ficará muito mais tranquilo.

– Procure tranquilizá-lo quando reparar que está com medo. Fale calmamente sobre o assunto e diga-lhe que tudo já passou e que está perto dele para o ajudar.

– Encoraje-o a enfrentar a causa dos medos, apoie-o quando o faz e demonstre-lhe alegria quando ele conseguir ultrapassá-los.

É muito importante que a criança, aos poucos, vá perdendo o medo, diminuindo a ansiedade e ganhando confiança e segurança em si mesma.

De que forma podemos lidar com a insegurança e gerir os nossos MEDOS?

A única forma de usarmos a nossa mente de forma sábia é não esquecermos de utilizar os nossos sentimentos e emoções de forma adequada. Enquanto os nossos pensamentos se baseiam no passado e no futuro, o nosso lado emocional sente os acontecimentos vividos no momento presente. A parte psicológica centra-se nos medos do passado e projectam os seus desejos no futuro, com isso perde-se o presente e não é possível lidar com as emoções. Devido a isso sentimos dificuldade em reflectir e estamos na maioria das vezes “presos” ao passado onde reside o problema e raramente nos focamos no presente para o resolver.

Quando os nossos medos são demasiadamente valorizados e passamos a evitar determinados aspectos do nosso quotidiano como receio de voltar a ter medo, então já estamos no domínio do patológico.

É imprescindível não transportar as experiências negativas do passado para o presente, para tal é necessário enfrentar os medos em vez de os evitar. Uma estratégia que devemos adoptar é pensar que apesar de estarmos a viver o mesmo acontecimento que no passado foi vivenciado como traumatizante, o mesmo não irá ter o mesmo efeito negativo no presente e muito menos no futuro.

O medo pode nos alertar para alguns perigos, mas apenas para alguns. Aliás, não deixar para AMANHÃ as decisões de HOJE também elimina uma grande parte das nossas inseguranças, pois viver com intensidade torna-nos mais fortes. No futuro seremos a mesma pessoa, apenas estaremos mais velhos. A raiz dos nossos medos será a mesma, mas centrada noutras situações. Hoje o seu medo pode ser a perda do emprego, daqui a algum tempo poderá ser o medo de desenvolver uma doença. O segredo está em reflectir as nossas inseguranças de forma a atenuar os medos.

Quando nos apercebermos que os medos de outrora ficaram no passado e que estamos a viver em pleno o presente vamos nos sentir mais felizes e confiantes.


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