Intervenção e Prevenção: Crianças e Jovens em Risco

Março 14, 2012 No Comments »
Intervenção e Prevenção: Crianças e Jovens em Risco


É de extrema importância a vinculação mãe e filho e a estimulação do meio ambiente para o seu crescimento, bem como, a necessidade da sua proteção. Isto requer que sejam desenvolvidas uma diversidade de propostas de intervenção favoráveis ao crescimento e ao seu desenvolvimento.

Intervenção Multidisciplinar:

Tendo em conta, que se trata de problemas multidimensionais a perspetiva de intervenção multidisciplinar assume aqui um papel primordial, onde a intervenção, para além de estar direcionada à infância, deve englobar a família e a população em geral. Tendo como objetivos principais colaborar com as famílias, prestando às crianças os cuidados necessários em ambiente familiar, de modo, assegurar-lhes a satisfação das suas necessidades físicas, emocionais e sociais.

Estratégias de Intervenção:

As estratégias de intervenção devem estar ajustadas às suas necessidades, integrando recursos disponíveis que possibilitem respostas específicas e adequadas, caminhando para uma intervenção sistémica e articulada. Em Portugal, compete às entidades como as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens ou as Autoridades Judiciárias intervir nesta área. As intervenções das várias entidades devem ser efetuadas de modo consensual com os pais e dependendo do caso, de acordo com a legislação portuguesa. Isto é, todo o plano de intervenção para a promoção dos direitos e proteção da criança e jovem em perigo deve obedecer determinados princípios.

Centros de Acolhimento de Crianças:

Existem, os Centros de Acolhimento de Crianças, criados pela Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família, que acolhem crianças/jovens em situação de risco, que apenas permanecem nestes espaços o tempo indispensável para avaliação do seu projeto de vida. Durante o seu acolhimento, o primeiro passo, é tentar o seu regresso à família nuclear procurando prestar o apoio necessário. Caso esse regresso seja impossível, o passo seguinte, é a tentativa da inserção numa família alternativa, de adoção ou acolhimento. Se essas duas soluções forem inviáveis, estes centros tentam inserir a criança/jovem numa instituição, dando continuidade ao acompanhamento efetuado.

Estratégias de Intervenção Psicológicas:

Delinear uma estratégia de intervenção psicológica para resolução do problema é procurar dar atenção às condições de saúde mental e bem estar psicológico dos indivíduos e suas famílias. O Objetivo fundamental, desta metodologia é ajudar a família, em termos sociais, económicos, emocionais e psicológicos, de modo a serem elas próprias a resolverem os seus problemas. Ajudá-las a restabelecer o equilíbrio psicológico e a reintegrarem-se na vida social.
Para obter resultados adequados e eficazes, também os agentes educativos, para além da Família, como a Escola e Comunidade, devem colaborar em conjunto na manutenção da saúde das crianças, garantindo a realização de diligências necessárias para assegurar o bem estar das crianças, bem como, promover estimulação que lhes permita um desenvolvimento equilibrado e adequado.

A Prevenção:

Porque estamos perante uma realidade que se reveste de diferentes contornos, por vezes, com consequências prejudiciais para as crianças, a prevenção deve constituir um dos pontos essenciais e imprescindíveis. Torna-se prioritária a difusão generalizada de medidas de prevenção, que contribuam significativamente para a sua eliminação ou resolução.
A elaboração de programas de prevenção deverão assentar num conjunto de princípios gerais que vão orientar toda a ação:
Devem ser programas globalizados, pois o conceito de saúde e bem estar pessoal e social é apenas um, logo os métodos de intervenção educativos devem incluir ambas as vertentes.
A intervenção preventiva deve desenvolver-se através de diferentes programas interativos nas diferentes instituições (escola, família, profissionais sociais e psicólogos, etc.); E estes programas devem, para além de fomentar o desenvolvimento individual, provocam mudanças nas instituições.
Existem três tipos de estratégias de prevenção, aplicáveis à problemática dos maus tratos às crianças: prevenção primária, prevenção secundária e a prevenção terciária.

1) Prevenção Primária:

Através da prevenção primária procura-se evitar o aparecimento do problema, ou seja, procura-se evitar a existência de uma série de situações de risco relacionadas com uma maior probabilidade de ocorrência de maus tratos infantis. O objetivo é a redução geral do número de prevalência dos maus tratos em qualquer das suas tipologias, no sentido, de aumentar a qualidade de vida na infância/juventude

2) Prevenção Secundária:

A prevenção secundária procura reconhecer a existência de grupos mais vulneráveis ou frágeis. O seu propósito essencial é detetar precocemente a população de risco e promover a mudança da situação. Neste sentido, podemos referir que as famílias em situação de risco, são aquelas que apresentam certas características de instabilidade, desestruturação ou ausência de segurança.
Ainda como possíveis indicadores de risco podemos mencionar o

  • Consumo de drogas,
  • Desestruturação familiar;
  • Imaturidade;
  • Inexperiência;
  • Antecedentes de maus tratos;
  • Atitudes violentas ou castigos inapropriados em relação aos filhos;
  • Problemas sociais ou económicos;
  • Depressão e isolamento;
  • Fraca tolerância à situações de stress.

3) Prevenção Terciária:

Com a prevenção terciária pretende-se reduzir a duração e gravidade das sequelas dos maus tratos, a médio ou longo prazo, procurando alcançar a reabilitação ou o tratamento dos indivíduos. Uma vez sinalizada a situação de maus tratos, um das suas finalidades, é garantir a segurança e integridade física e psíquica da criança, procurando evitar o reaparecimento do problema.

Objetivos da Prevenção:

Há um conjunto de objetivos a destacar nos diferentes tipos de prevenção:

  • Melhorar a qualidade de vida das famílias/indivíduos;
  • Investir numa educação de qualidade;
  • Criar redes de apoio social;
  • Promover uma efetiva participação dos indivíduos na vida comunitária;
  • Implementar programas de educação sexual;
  • Desenvolver programas de informação dirigidos aos pais, acerca do desenvolvimento infantil e respetivas exigências de maternidade e paternidade;
  • Melhorar as competências paternais face à situações de stress.

Como tal, as ações de prevenção deverão ir mais além em relação à prevenção de riscos, tratando-se de algo mais amplo: a educação para a saúde. E no âmbito da prevenção, aconselha-se a adoção do modelo integral, onde os três tipos de prevenção possam estar presentes, em simultâneo ou não, dependendo das necessidades. Este modelo tem como um dos objetivos estratégicos, influenciar de forma positiva o chamado “ciclo vicioso” da transmissão familiar e transgeracional, não esquecendo os fatores do meio ambiente que facilitam esta transmissão.


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