“As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime “
Decidi abordar este tema, de forma a explorar o conceito de dislexia, bem como os principais indicadores desta perturbação que atinge um número cada vez maior de crianças em todo o mundo.
O que é a Dislexia?
A dislexia é uma perturbação ou transtorno ao nível de leitura.
A criança disléxica apresenta dificuldades evidentes na leitura, ou seja, é capaz de ler, mas não é capaz de entender ou interpretar aquilo que acabou de ler.
Uma das principais características duma criança com dislexia é o facto de ser inteligente e apresentar habilidade para tarefas manuais, no entanto, manifesta dificuladades no campo da leitura desde muito cedo, que a vai acompanhar na maioria dos casos até à idade adulta.
Os estudos comprovam que a dislexia pode ser considerada como um dos fatores causadores de baixo rendimento escolar, uma vez, que a leitura e interpretação são imprescindíveis para o sucesso da maioria das disciplinas no âmbito do ensino e da educação.
Muitas vezes uma dificuldade no ensino da matemática está relacionada com a compreensão do enunciado e não com o processo operatório da solução do problema.
Geralmente a dislexia está associada à discalculia, ou seja, dificuldade em efetuar cálculos, devido à insuficiente compreensão dos enunciados das questões.
Importante:
É necessário que o diagnóstico da dislexia seja precoce, isto é, os pais e educadores se preocupem em encontrar indícios de dislexia em crianças aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação, envolvendo as crianças de 4 a 5 anos de idade.
Quanto mais tardiamente se diagnosticar a dislexia, os distúrbios relacionados com as letras podem levar crianças de 8 a 9 anos, a apresentar perturbações de ordem emocional e linguística.
Uma criança disléxica pode acumular frustrações que a podem conduzir a comportamentos anti sociais, agressivos e até a uma situação de marginalização progressiva, levando-a a possíveis comportamentos de risco. Esta situação pode ser consequência duma espécie de discriminação e exclusão á qual a criança pode estar exposta por parte dos colegas ou grupos de pares que não lidam bem com as diferenças de aprendizagem.
Diagnóstico da Dislexia:
Os pais, professores e educadores devem estar atentos a dois importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia:
- A História Pessoal do aluno e as suas manifestações linguísticas nas aulas de leitura e escrita:
- Informação de Dificuldades na Família e na Escola:
Quando os professores se deparam com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldades em ler e entender o que lê, devem averiguar se existem casos de dislexia na família. A história pessoal de um disléxico, geralmente, traz traços comuns como, o atraso na aquisição da linguagem, atrasos na locomoção e problemas de dominância lateral.
Estas poderão ser de grande utilidade para profissionais como: psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos que intervém no processo de reeducação da linguagem das crianças disléxicas.
Situações Concretas de dislexia na leitura:
No plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis na forma de escrever como “a-o”, “e-d”, “h-n” e “e-d”, por exemplo.
As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio.
Estas manifestam ainda confusão com letras com grafia similar, mas com diferente orientação.
Qual a origem da dislexia?
Em termos técnicos a dislexia é uma desordem do foro neurológico, o que significa uma condição centrada no cérebro que, aparentemente, percorre várias gerações de uma família (fator de hereditariedade), parecendo, assim, ter uma base genética.
A investigação diz-nos que cerca de 35 a 60% das crianças com dislexia têm ou tiveram um membro da família com a mesma condição.
A investigação diz-nos, ainda, que a dislexia resulta da forma diferente como o “circuito” cerebral está estruturado no que respeita à linguagem em geral, particularmente à leitura, fazendo com que os indivíduos com dislexia possam estar a usar partes diferentes e menos eficientes dos seus cérebros quando leem.
Podemos concluir assim que contrariamente ao que a maioria das pessoas pensa a dislexia não está associada à ausência de inteligência, pelo contrário, a maioria das crianças com dislexia apresentam capacidades cognitivas que são limitadas pela dificuldade manifestada no campo da leitura e interpretação de textos. Neste seguimento o próximo artigo irá ter o seu enfoque nos principais tipos de dislexia e na sua intervenção.
Muito bom artigo! Bem elaborado!
Parabéns Célia 😉