Agorafobia: O Medo de sentir Medo

Maio 24, 2012 No Comments »
Agorafobia: O Medo de sentir Medo


“Na vida, nada deve ser receado, tudo deve ser compreendido.”
Marie Curie

Tendo em conta a diversidade de fobias de carácter patolológico, a agorafobia, surge associada a todas elas, não só através dos sintomas característicos de pânico, mas sobretudo devido ao pensamento obsessivo de ter medo de sentir o próprio medo, mesmo quando este ainda não aconteceu.

Se estivermos atentos ao significado etimológico da palavra, Ágora: mercado, fobia: medo, teremos algo, como medo aos espaços onde existe muita gente.
No entanto, este significado é demasiado vago e pouco esclarecedor da patologia, sendo necessário, explorar outros fatores, para além do significado etimológico da palavra.

O que é a Agorafobia?

É um transtorno fóbico que é muito mais do que uma evitação de algo, O agorafóbico é a vítima que teme ter perdido todos os seus suportes de segurança e desenvolve uma conduta evitante. Por outras palavras considera-se agorafóbico, alguém que já vivenciou situações de ansiedade, e pelo desconforto causado por estas, tende a evitar toda e qualquer situação ou contexto passível de desencadear sintomas de pânico e onde a sua fuga seja embaraçosa.

A fobia social pertence ao conjunto de fobias que padece um agorafóbico. Portanto, podemos afirmar que a agorafobia é um transtorno de ansiedade que provoca vários sintomas fóbicos que fazem com que o indivíduo procure sentir-se em segurança, na sequência de ataques de pânico.

A agorafobia desenvolve-se num determinado tipo de personalidade, porém este tipo pode não ser necessariamente patológico. Assim, podemos concluir que a agorafobia não se apresenta como uma perturbação de personalidade, sendo que tende a desenvolver-se mais tarde que outras fobias, precisamente entre os dezoito e trinta anos e tem mais incidência no sexo feminino que no masculino.

Consequências da Agorafobia:

Inicia-se com uma crise de ansiedade, a pessoa começa a evitar os lugares onde tem medo que se repita a crise ,sentindo cada vez mais medo. Desta forma, diminui gradualmente a capacidade para se relacionar socialmente,facto compreensível se tivermos em conta que a grande maioria dos agorafóbicos apresentam fobia social.

Quando se instala a perturbação de pânico com agorafobia o impacto na qualidade de vida é enorme: enquanto que, em fases iniciais, as pessoas sentem-se desconfortáveis nas suas rotinas diárias, hipervigilantes ao meio que as rodeia e aos seus sinais corporais, em situações mais avançadas, a sua vida social diminui e aumentam os condicionalismos e limitações àquilo que se sentem capazes de fazer. Coisas tão simples, para a maioria das pessoas, como uma saída de amigos, ou ficar em casa sozinho, transforma-se em algo incapacitante para alguém que normalmente vivia sem restrições.
Na fase avançada desta perturbação, encontramos pessoas que raramente conseguem sair de casa, local que muitos consideram seguro, ou que são incapazes de fazer seja o que for sem a companhia de alguém que considerem ser de confiança.

Esta perturbação tem, por vezes, outras doenças associadas, sendo as mais frequentes a Depressão, a Perturbação Obsessivo Compulsiva e a perturbação da ansiedade generalizada.

O que distingue a Agorafobia duma fobia simples?

Agorafobia é portanto uma das fobias mais incapacitantes, por constituir um conjunto de fobias e se diferenciar claramente de uma fobia simples por que nesta, a pessoa teme uma situação concreta, atenuando os sintomas de pânico quando já não se encontra nessa situação, enquanto o agorafóbico tem uma surpreendente capacidade para generalizar este temor a muitas outras situações, e de elaborar respostas defensivas muito variadas, como por exemplo: procura de situações de fuga, estar em companhia de pessoas de confiança, levar consigo tranquilizantes, entre outros.
Na pessoa com agorafobia, qualquer circunstância stressante, como: fadiga, calor, frio, doença física, piora o quadro patológico.
Também são frequentes os episódios depressivos ou de desânimo ao longo da patologia.
Normalmente, quando o paciente solicita ajuda médica, a sua situação profissional e social tende a estar muito alterada e seu estado de ânimo muito baixo devido aos baixos níveis de qualidade de vida que apresenta.

Sintomas associados a um ataque de pânico:

Normalmente os sintomas que acompanham qualquer fobia, são provocados por ataques de pânico.
Eis alguns sintomas que caracterizam um ataque de pânico:

-Aperto no peito;
-Respiração acelerada;
-Batimento cardíaco acelerado (taquicardia);
-Descontrolo e desorientação espacial (sensação de não saber onde esta e querer fugir o mais rapidamente possível);
– Suores e tremores;
– Naúseas ou alterações gastro intestinais.

Locais que os agorafóbicos tendem a evitar:

– Pontes, viadutos ou auto estradas;
– Locais com multidões, ex: espetáculos, sobretudo se a saída estiver inacessível;
– Meios de transporte;
– Sala de aulas ou de reuniões;
– Situações ou locais onde estão sozinho sobretudo, longe de casa.

Apesar do sofrimento associado e de, por vezes, a perturbação existir durante um período de tempo prolongado, esta é uma patologia, cujo o seu tratamento apresenta excelentes taxas de sucesso.
Neste sentido, caso suspeite que padece de agorafobia, consulte um psicólogo.
No próximo artigo irei abordar alguns dos possíveis tratamentos no combate ao medo patológico.


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