Obesidade infantil e o seu impacto Psicológico

Maio 20, 2011 2 Comments »
Obesidade infantil e o seu impacto Psicológico


A obesidade infantil e o seu impacto Psicológico.

A obesidade é uma doença crónica, representando actualmente um dos graves problemas de saúde pública nos países industrializados. Assim cada vez mais crianças começam a sofrer deste problema grave que afecta a saúde física trazendo consigo diversas repercussões psicológicas ao longo do seu desenvolvimento.

Segundo a comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior número de crianças com excesso de peso. Mais de 30% das crianças entre os 7 e 9 anos tem excesso de peso ou são obesas.

Os médicos e profissionais de saúde determinam se uma criança é obesa medindo o seu peso e altura. Apesar das crianças registarem menores problemas relacionados com o peso dos adultos, as crianças obesas têm um elevado risco de se tornarem adolescentes e adultos obesos. Por sua vez, os adultos com problemas de peso podem ter várias complicações de saúde ao nível físico: diabetes, problemas de coração, pressão arterial elevada e mesmo certas formas de cancro. Daí a pertinência deste artigo que vem na sequência do anterior que abordava a importância do exercício físico, sendo que faz todo o sentido aplicá-lo a este tema, pois mais do que tratar a obesidade é fundamental a prevenção e deste modo a prática de exercício físico é essencial para prevenir esta doença.

Quais os principais factores que contribuem para a obesidade infantil?

As crianças podem tornar-se obesas por diversos motivos. Os mais comuns são factores genéticos, ausência de actividade física, padrões de alimentação pouco saudáveis, ou uma combinação destes factores. O seu médico pode realizar um exame físico e análises sanguíneas para excluir esta hipótese.

1- Factores Genéticos : Crianças cujos pais ou irmãos tenham excesso de peso apresentam um risco acrescido de se tornarem elas próprias obesas. No entanto, nem todas as crianças com uma história familiar de obesidade irão tornar-se também obesas.

2- Estilo de Vida: Os hábitos alimentares de uma criança e o grau de actividade física desempenham ambos um importante papel na sua saúde e peso. No que diz respeito aos hábitos alimentares, verifica-se um acréscimo do número de pais que desde muito cedo incutem rotinas alimentares que passam pela ingestão de comida rápida (fast food) Exemplo: MacDonald’s, pizzas. Por outro lado, a televisão, computadores, consolas de vídeo e outros fenómenos tecnológicos contribuem para a inactividade física e sedentarismo desde muito cedo. Estima-se que o tempo médio que uma criança passa a ver televisão por semana é 24 horas, tempo útil que poderia ser passado a praticar um desporto ao ar livre.

A minha criança tem excesso de peso?

Se desconfia que a sua criança é obesa, fale com um pediatra ou médico especializado. Um profissional está capacitado para determinar se existe de facto um problema, ou se a variação de peso é natural da idade, relacionando os padrões de crescimento com a idade, peso e altura de modo a determinar se a sua criança é ou não obesa. Caso se verifique de facto um problema, siga todos os conselhos do seu médico relacionados com alterações nos hábitos alimentares e práticas de nutrição infantil, bem como, no estilo de vida da sua criança.

Repercussões ou consequências psicológicas e sociais da obesidade infantil:

É sobretudo no final da infância e inicio da adolescência, ou seja, com o aproximar das transformações físicas, que se verificam as consequências psicológicas, emocionais e sociais, desencadeadas pelo excesso de peso.

  • Destacam-se as alterações ao nível psicossocial diminuindo a qualidade de vida e aumentando o número de respostas emocionais inadequadas: observa-se que crianças com idades compreendidas entre seis e nove anos demonstram menor tendência em aproximarem-se de crianças obesas para quaisquer tipos de actividades sociais e (ou) recreativas, enquanto  que por outro lado sentem-se mais motivadas a conviver com crianças normais quanto ao peso.
  • Os distúrbios de identidade e auto-imagem associados a uma baixa auto-estima em crianças obesas também são significativos: o excesso de peso afecta negativamente a imagem corporal, conduzindo a efeitos sérios relativamente à forma da criança pensar e sentir-se a respeito de si mesma, podendo conduzir a comportamentos que estão na base de distúrbios alimentares,  exemplo: Anorexia ou Bulimia nervosas.
  • A criança e o adolescente obeso enfrentam dificuldades diárias, sendo vítimas tanto de preconceitos externos quanto do próprio auto-preconceito. A criança obesa, por sentir-se discriminada, tende ao isolamento social. Situações de actividades físicas ou relacionamento com outras crianças, podem representar para ela motivo de fuga social, o que pode contribuir para desencadear comportamentos associados à fobia social ou até mesmo a sintomas que encaixam no diagnóstico de Depressão.

Quais os possíveis tratamentos para a obesidade infantil?

1- Fornecer Apoio:

Um dos aspectos mais importantes que podem contribuir para ajudar crianças com excesso de peso é transmitir-lhes afecto e carinho. Os sentimentos das crianças sobre si próprias baseiam-se muitas vezes naquilo que os próprios pais pensam ou sentem em relação a elas. Se aceitar a sua criança com o peso apresentado, elas terão melhores probabilidade de sentir-se bem consigo próprias. É igualmente importante falar sobre a obesidade, e permitir à criança partilhar as suas preocupações consigo, já que é a sua criança quem melhor sabe que tem um problema de peso. Por estas razões, as crianças obesas necessitam de suporte, aceitação, e encorajamento dos seus pais.

2- Responsabilizar os Pais:

Os pais não devem descriminar os filhos e exclui-los devido ao peso, mas sim concentrar-se em mudar gradualmente o grau de actividade física da família e os hábitos alimentares. O envolvimento da família é fundamental pois não devem ser apenas as crianças, a adquirirem hábitos de uma alimentação saudável. Elaborar refeições com legumes variados provocando um efeito colorido a nível visual, poderá ser uma das diversas formas de cativar as crianças e incentivá-las a ter uma alimentação saudável.

3-Aumento da Actividade Física da família

Actividade física regular, em combinação com uma alimentação saudável, é a forma mais eficiente de controlo de peso que existe. Eis algumas formas simples de aumentar a actividade física da sua família:

  • Seja um modelo para a sua criança. Se a criança vê que você é fisicamente activo e diverte-se ao sê-lo, o mais provável é que imite este comportamento, aprenda a gostar de desporto e continue a praticar desporto ao longo de toda a vida.
  • Planeie exercícios conjuntos com vários membros da família, como passeios, dançar, andar de bicicleta ou natação. Por exemplo, pode calendarizar um passeio nocturno com a sua família em vez de passar o serão a ver televisão. Contudo, certifique-se que estas actividades em família podem ser desenvolvidas num ambiente seguro.
  • Seja sensível às necessidades particulares da sua criança. Crianças com excesso de peso podem sentir-se pouco confortáveis em participar em determinadas actividades. É fundamental, para desenvolver o gosto pelo desporto, ajudar a criança a encontrar actividades que não sejam particularmente difíceis ou embaraçosas.
  • Reduza a quantidade de tempo que você e a sua família passam em actividades sedentárias, como jogos de vídeo, navegar na Internet ou ver televisão.
  • Seja mais activo ao longo do dia e encoraje toda a família a adoptar os mesmos hábitos. Suba e desça escadas ao invés de andar de elevador, ou caminhe até ao emprego e deixe o carro em casa.
  • O objectivo é não tornar o exercício físico uma obrigação ou algo indesejado, mas antes mostrar como a criança pode divertir-se com isso e fazer dela parte integrante da vida quotidiana.

4-Ensine à sua família hábitos de alimentação saudável

Uma alimentação saudável desde tenra idade ajuda a criança a olhar para a comida de forma equilibrada. A melhor forma de começar é aprender mais acerca das necessidades nutricionais da criança através da leitura de livros ou falando com um profissional de saúde, e dar-lhe depois opções saudáveis de alimentação, dando-lhes a possibilidade de escolher o que comer.

Seja um exemplo

As crianças aprendem de forma rápida, praticando a maioria dos actos que observam nos adultos. Ser um bom exemplo para os seus filhos ao comer uma variedade de alimentos saudáveis e ser fisicamente activo vai ensiná-los a ter estilo de vida e hábitos alimentares saudáveis que podem estar presentes ao longo das suas vidas. Temos que estar atentos à descoberta de factores de risco, para assim estarmos preparados de forma a interferir e alterar comportamentos prejudiciais, dando prioridade à prevenção da obesidade infantil.


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