Entrevista com Ruben Amorim – Técnico Superior de Educação Social

Março 23, 2013 1 Comment »
Entrevista com Ruben Amorim – Técnico Superior de Educação Social


O Psicologia 4U decidiu entrevistar um profissional na área social, que não esquece os valores culturais, num percurso repleto de boas práticas em prol da comunidade em geral e com uma atenção especial ao público mais idoso com quem trabalha.

Vamos conhecer melhor Ruben Amorim: técnico Superior de Educação Social, que apesar de ser jovem, apresenta uma vasta experiência na sua área.

Numa época de crise e desemprego, este jovem empreendedor, é um exemplo a seguir.
Desde já o nosso agradecimento pela colaboração e disponibilidade imediata que nos concedeu.

“Trabalhar com pessoas idosas é, na minha opinião, uma experiência única. Para se desenvolver um bom trabalho é pertinente que tenhamos um espírito de muita entrega, resiliência e persistência…”

Ruben Amorim

Ruben Amorim nasceu a 20 de fevereiro de 1986.

Em 2006, aos 20 anos, ingressou no Ensino Superior. Licenciou-se em Educação Social no Instituto Politécnico de Viseu – Escola Superior de Educação, concluindo a mesma três anos depois, em 2009. Durante a licenciatura foi voluntário no Hospital S. Teotónio e Instituto das Drogas e Toxicodependências (IDT). Paralelamente, foi presidente da Associação de Estudantes da sua escola, adquirindo competências na área da gestão e liderança.

Após a conclusão da licenciatura, realizou um Estágio Profissional na Empresa Humildasus (residência para pessoas idosas) acabando por permanecer na mesma até ao momento, desenvolvendo o cargo de Técnico Superior de Educação Social e Diretor Técnico.

É Vice-Presidente da APES (Associação Promotora de Educação Social). Concomitantemente é formador, desenvolve vários Workshops nas áreas do Envelhecimento, Empreendedorismo, Procura Ativa de Trabalho e Criatividade, e realiza vários jogos para trabalhar com séniores.
Atualmente está a terminar o Mestrado em Empreendedorismo e Criação de Empresas na Universidade da Beira Interior.

Para quem não te conhece, fala-nos sobre ti. Afinal quem é o Ruben Amorim?

– “O Ruben Amorim é uma pessoa que se encontra constantemente a formular novos sonhos que o levam a desafios constantes. É uma pessoa com bastante energia e que admite a criatividade como uma fator crítico de sucesso dos profissionais e organizações. Acredita que pode ser bom em várias frentes, mas nunca o melhor em coisa alguma. A rotatividade de interesses é uma perspetiva que assiste as suas apostas, uma vez que os desafios profissionais são recorrentes e é fundamental reunir competências variadas de modo a estar preparado para o futuro. Isto é visível pelo seu percurso até à atualidade.”

Como foi o teu trajeto escolar?

– O meu trajeto escolar foi algo que sempre me deu imenso gosto. Recordo-me que quando era jovem, por volta dos 13 anos, comecei a jogar futebol num clube com muita visibilidade em Portugal. Contudo, a prioridade foram sempre os estudos. Algo que não era muito comum entre os colegas.

No ensino secundário a área de eleição era precisamente o desporto. Todavia, acabei por embarcar no desafio do Ensino Superior no curso de licenciatura em Educação Social.

O percurso escolar foi sempre muito dinâmico, participando nas Associações de Estudantes desde o ensino secundário. As atividades extra-curriculares foram sempre uma aposta que mais tarde se tornou ganha. E porquê? Porque são nestas atividades que reunimos competências que podem ser fulcrais na procura de um trabalho, como a capacidade de liderança, comunicação (networking), empatia, entre outras…

Porquê a Licenciatura em Educação Social?

– A licenciatura em Educação Social foi uma escolha ponderada. Como referi anteriormente, tudo apontava para uma carreira profissional ligada ao desporto. Contudo, após uma reflexão relativa ao meu futuro, não hesitei na escolha. A área social sempre foi de eleição nos meus interesses, talvez porque existia uma enorme expetativa em que Portugal apostasse neste pilar fundamental para o desenvolvimento da nossa sociedade. Com efeito, as saídas profissionais sempre foram atrativas para mim. Nessa altura já estava ligado à área da animação sociocultural através da colaboração com o grupo HugoAnima. Reunindo, desde logo, algumas competências nessa área, restou-me apostar numa área complementar com um espírito mais pedagógico. Assim se deu a escolha da Educação Social. Algo que, mais uma vez, se verificou como uma aposta ganha, pois é uma área muito dinâmica e de grandes oportunidades…

Quais as atividades profissionais que já desenvolveste? Fala-nos das tuas experiências.

– A minha primeira atividade profissional remunerada foi aos 14 anos, quando praticava desporto, nomeadamente o futebol. Aos 17 anos interessei-me pela área da animação e organização de eventos, onde comecei a adquirir competências muito interessantes. Fiquei fascinado pelas artes circenses e dediquei-me a cem por cento, deixando o desporto. É uma área que continuo a desenvolver e a apostar, pois cada trabalho é uma novidade, com pessoas diferentes e aprendizagens muito ricas. Durante a licenciatura apostei no voluntariado, quer no Hospital S. Teotónio, quer no Instituto das Drogas e Toxicodependências. Esta última valeu-me uma oportunidade profissional que tive de rejeitar por estar prestes a iniciar o estágio profissional no meu atual posto de trabalho na Residência Assistida para Idosos Humildasus. Entretanto frequentei a formação para me tornar formador e de imediato, passados 15 dias, estava a dinamizar o meu primeiro Workshop: Educação Social e o Envelhecimento, em Viseu. Após essa iniciativa sucederam-se pelo país inteiro, desde Bragança a Viseu, passado pelo Porto, Leiria, Lisboa e Santarém e terminando no Algarve. Foram momentos de muita partilha e que me proporcionaram novas visões. Atualmente continuo a desenvolver Workshops nas áreas do Envelhecimento, Empreendedorismo, Procura Ativa de Trabalho e Criatividade. Paralelamente existe o projeto Creativity Plans que se assume como uma transformação real de projetos inovadores no âmbito do trabalho social, nomeadamente através de produtos e serviços que potenciem o trabalho dos técnicos e técnicas da área social.

Como é trabalhar numa Residência para Pessoas Idosas?

– Trabalhar com pessoas idosas é, na minha opinião, uma experiência única. Para se desenvolver um bom trabalho é pertinente que tenhamos um espírito de muita entrega, resiliência e persistência, uma vez que muitas das pessoas idosas estão entregues a uma grande monotonia, não possuindo quaisquer expetativas, gostos e interesses. Assim sendo, é com muita alegria, criatividade e energia que encaro cada dia de trabalho. Sempre com vontade de concretizar os sonhos e objetivos dos nossos residentes. Para tal é impreterivelmente necessário um trabalho muito dinâmico e surpreendente. A surpresa é uma fator que deve estar inerente à intervenção do Educador Social, isto é, criar a novidade, a quebra da rotina. Apesar da grande experiência que tenho desenvolvido nesta área, espero vir a criar oportunidades noutras áreas.

Quais as tuas expetativas face ao futuro? Que projetos gostarias de realizar?

– As minhas expetativas perante o futuro são extremamente animadoras. Existe um longo caminho a percorrer na área social em Portugal e defendo que ao invés de criticarmos, devemos ser nós próprios a provocar a mudança, pois ela encontra-se em cada um de nós. Gostaria que o projeto da Creativity Plans proporcionasse a oportunidade de se produzir inovação social, disponível a qualquer pessoa interessada. Gostaria, de igual modo, trabalhar no estrangeiro, lidar com novas realidades e trazer experiências e conhecimentos para o nosso país. No fundo, o futuro depende em muito da nossa atitude face aos desafios que se vão colocando. Lembro que para todos os problemas existe uma solução e para tal existe a criatividade…

Quais os conselhos que dás a estudantes e futuros Técnicos da área social?

– Esta questão é muito interessante. Defendo que a nossa licenciatura não é, obrigatoriamente, a nossa área de trabalho. O ideal seria que fosse, no entanto, caso não o seja, devemos encarar outras experiências como uma oportunidade.
No que respeita à área social admito que o segredo está na diferença. Se estivermos atentos vemos que o ensino superior acaba por formatar os estudantes (ou não). É numa perspetiva contrária que devemos embarcar. Pensar que somos seres únicos e, consequentemente, profissionais únicos que podemos inovar e criar algo diferente dos demais. Não menos importante é refletir acerca de práticas empreendedoras e da criação do próprio negócio. Não existe nada melhor que ver o nosso projeto crescer e desenvolver-se, sempre com a noção das dificuldades.
A área social é um ninho de oportunidades. Estou certo que os técnicos da área social, munidos de novos valores e competências, trarão grandes benefícios e encontrarão soluções muito criativas para os problemas com que nos deparamos.

Daqui a 10 anos, o que te imaginas a fazer?

– Daqui a 10 anos espero ter uma maior estabilidade a nível pessoal e redefinir as minhas prioridades. Contudo, espero ter a minha empresa, ter projetos criados ao nível social…
Espero, igualmente, ver a figura profissional do Técnico Superior de Educação Social mais reconhecida e afirmada na nossa sociedade. Espero ver uma sociedade mais desenvolvida sob o ponto de vista social e cultural, potenciada pelos técnicos sociais.

Não poderia terminar sem agradecer a vossa oportunidade para partilhar as minhas perspetivas. Como mensagem final desejo a todos os técnicos sociais muita energia e criatividade, que transforme os problemas em oportunidades reais e que não desistam de concretizar os vossos sonhos, seja em que local for.

Agradecimentos especiais:
Rúben Amorim
Teresa Meneses

Entrevista realizada por :Teresa Meneses


Comentários

Comentários

One Comment

  1. Teresa Meneses 25 de Março de 2013 at 13:08 - Reply

    O Ruben é um grande Educador Social :)
    Eis aqui uma excelente entrevista.
    Muitos parabéns!
    Foi um prazer.

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